Design como diferencial: a estratégia da Graza para reinventar uma categoria

Como uma embalagem inovadora e uma comunicação ousada podem tirar seu produto de um mar de concorrentes idênticos.

A miopia da prateleira

Você já andou por um corredor de supermercado e teve a sensação de que todos os produtos contam a mesma história? Em muitas categorias, de molhos de tomate a cafés especiais, parece haver uma regra não escrita, um padrão visual e discursivo do qual poucas marcas ousam desviar. Elas se apoiam nos mesmos códigos de “tradição”, “qualidade” e “sofisticação”, resultando em uma prateleira monocromática onde a única diferenciação real acaba sendo o preço.

Esse fenômeno, conhecido como comoditização, é um desafio gigante para qualquer negócio que busca se destacar. E em poucos mercados isso é tão evidente quanto no de azeites. Até que alguém resolveu mudar a conversa.

O cenário comoditizado: onde todo azeite se veste igual

Pense na gôndola de azeites. O que vem à sua mente? Provavelmente, uma série de garrafas de vidro escuro, com rótulos de design sóbrio e elegante, frequentemente adornados com ilustrações de oliveiras ou selos dourados. A linguagem é universal: tradição, herança, terroir, sofisticação. É uma categoria que, por décadas, se comunicou de forma séria, quase reverente.

O problema dessa uniformidade é que ela cria uma barreira para um novo público — um consumidor que talvez não se conecte com essa formalidade toda, que busca praticidade e que não quer um curso de sommelier para temperar sua salada. O mercado falava a mesma língua, para as mesmas pessoas, deixando uma oportunidade clara na mesa.

A ruptura: a Graza chega para mudar o jogo

Foi nesse cenário previsível que a marca de azeites Graza surgiu. A sacada genial da marca não foi criar um produto radicalmente diferente, mas sim redesenhar completamente a experiência de usá-lo. A pergunta que guiou sua estratégia foi simples e poderosa: e se o azeite não precisasse ser tão sério? E se ele pudesse ser fácil, acessível e até divertido?

Essa mudança de perspectiva foi o ponto de partida para quebrar todos os padrões da categoria, não apenas na embalagem, mas em toda a sua plataforma de marca.

Imagem retirada do site: https://www.graza.co

Os pilares da estratégia que diferenciou a Graza

O sucesso da Graza não foi um acaso estético. Foi uma decisão de negócio traduzida em design. Podemos dividir essa estratégia em três pilares fundamentais:

1. A embalagem como ferramenta de experiência  

A decisão mais ousada foi trocar a tradicional garrafa de vidro por uma bisnaga (squeeze bottle) opaca. Essa escolha vai muito além da aparência. Ela ataca diretamente a usabilidade do produto. O vidro é pesado, escorregadio e difícil de dosar. A bisnaga é leve, inquebrável e permite um controle total sobre o fluxo. Eles não mudaram apenas o recipiente; eles mudaram a forma como as pessoas interagem com o azeite no dia a dia, tornando-o prático e descomplicado.

2. Design que comunica, não apenas decora 

Enquanto a concorrência apostava em tons de verde-escuro, preto e dourado, a Graza explodiu em cores vibrantes, com ilustrações modernas e uma tipografia amigável. As duas versões do produto, “Sizzle” (para cozinhar) e “Drizzle” (para finalizar), têm nomes diretos e uma comunicação visual clara que elimina a confusão na hora da compra. O design aqui não é um mero adorno; é o principal porta-voz da personalidade da marca: moderna, ousada e sem frescuras.

3. Posicionamento pela negação 

Talvez o ponto mais forte da estratégia da Graza seja sua coragem de escolher quem ela não quer ser. Ao abandonar o discurso da “tradição centenária”, a marca automaticamente se posicionou como a alternativa para quem não se identificava com esse universo. Isso é posicionamento em sua forma mais pura: ter a clareza de que, para se conectar profundamente com um grupo, é preciso aceitar não agradar a todos. A Graza não quer vender para o consumidor tradicional de azeites; ela quer criar sua própria categoria de fãs.

The Graza Olive Oil Starter Kit

Imagem retirada do site: https://www.graza.co

A lição da Graza: design é estratégia, não decoração

O caso da Graza prova que o design, quando usado de forma estratégica, é uma das ferramentas mais poderosas para o crescimento de um negócio. Ele não serve apenas para deixar um produto “bonito”, mas para resolver problemas, comunicar valores e, acima de tudo, criar uma diferenciação real em um mercado saturado.

Eles entenderam que o produto não era apenas o líquido dentro da embalagem, mas toda a experiência ao redor dele. Ao mudar a conversa de “tradição” para “praticidade e diversão”, a Graza não apenas vendeu azeite; ela ofereceu um novo jeito de se relacionar com a culinária do dia a dia.

Qual conversa a sua marca inicia?

A história da Graza nos força a olhar para nossos próprios negócios e perguntar: estamos apenas seguindo as regras da nossa categoria ou estamos tentando reescrevê-las? Seu design está apenas decorando seu produto ou está construindo uma ponte direta para o coração e as necessidades do seu cliente?

A diferenciação não nasce de ser marginalmente melhor, mas de ser corajosamente diferente. E você, sabe como pode usar o design para mudar o jogo do seu negócio?

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